Projeto israelense-americano usa ondas de ultrassom para tratar Alzheimer e outras patologias

Médicos do Sheba Medical Center e da West Virginia University estão usando uma tecnologia especialmente desenvolvida em Israel para administrar o tratamento diretamente no cérebro, de maneira não invasiva.

Com o objetivo de tratar a doença de Alzheimer – uma doença neurodegenerativa que afeta mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, com seis a sete milhões de novos casos a cada ano -, um projeto israelense-norte-americano está utilizando tecnologia de ultrassom, de última geração, desenvolvida em Israel. Essa doença é a causa de 60% a 80% dos casos de demência e, até agora, nenhum tratamento eficaz foi encontrado.

Cooperação Sheba Medical Center e Rockefeller Neuroscience Institute da West Virginia University

A cooperação entre o Dr. Zion Zibly, diretor de Neurocirurgia do Sheba Medical Center em Tel Hashomer, e o Dr. Ali Rezai, chefe do Rockefeller Neuroscience Institute da West Virginia University, pretende combater a doença utilizando ondas de ultrassom não invasivas para tratar diretamente o cérebro, sem risco e sem necessidade de cirurgia.

“Esta tecnologia nos permite ultrapassar, temporariamente e com segurança, a barreira hematoencefálica – uma barreira nos vasos sanguíneos que geralmente impede que anticorpos ou grandes moléculas de medicamentos cheguem ao cérebro”, disse Rezai.

“Nos últimos cinco anos, temos trabalhado juntos usando ondas de ultrassom para tratar tremores, sejam produzidos por Parkinson ou por outras causas”, disse ele. “O paciente chega à clínica, usa um capacete que envia as ondas para o cérebro e volta para casa em duas horas”.

Aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA

Este procedimento já foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA. Agora, a dupla está se concentrando em usar o mesmo sistema para atacar outras doenças cerebrais.

“Em nossos estudos e testes clínicos iniciais, pudemos mostrar uma redução tanto nas placas cerebrais, principal característica do Alzheimer, como na progressão da doença”, observou Rezai. “Estamos muito otimistas.”

Participaram do ensaio clínico dezoito pacientes com Alzheimer leve. Os primeiros pacientes começaram a ser tratados há cerca de três anos. O ensaio está agora em processo de expansão e espera-se obter aprovação total em alguns anos.

Em Israel, Sheba já oferece este procedimento para tremores há vários anos. “Somos o principal centro que oferece este tratamento no Oriente Médio e na Europa, e temos muitos pacientes vindos do exterior”, disse Zibly.

Sheba também está começando a usar ondas de ultrassom para tratar a epilepsia, e a equipe de cientistas norte-americanos e israelenses também está estudando a aplicação de ondas de ultrassom no tratamento de tumores cerebrais. “Estamos trabalhando juntos neste assunto e, especificamente, em glioblastoma, um tipo de câncer cerebral”, disse Rezai.

Os glioblastomas estão entre as formas mais agressivas de câncer e costumam causar a morte dos pacientes em 18 meses. “Com esta tecnologia, somos capazes de ultrapassar a barreira hematoencefálica e administrar quimioterapia no cérebro com um nível de eficácia muito maior”, observou Rezai.